Nas últimas semanas, um dos temas mais comentados tem sido a epidemia provocada pelo ebola na África e a possibilidade de que ela se alastre pelo planeta. Por sorte já sabemos um bocado de coisas sobre o vírus: ele é transmitido através do contato direto com o sangue e outros fluidos corporais — como a urina, lágrimas, sêmen, saliva, suor e fezes —, que o período de incubação é de 2 a 21 dias e que a taxa de mortalidade pode chegar a 90%.
Também sabemos que alguns de seus sintomas são parecidos com os da gripe — como febre, dor de cabeça, fraqueza, calafrios e dor de garganta — e que ainda não existe um medicamento específico para tratar a doença. Mas, apesar de tantas informações sobre o ebola, existem algumas coisas sobre ele que nem todo mundo conhece. O pessoal do site mental_floss reuniu uma série delas em um artigo, e nós aqui do Mega Curioso selecionamos 5 para você conferir:
1 – Ele é uma espécie de zumbi
Como você deve se lembrar das aulas de biologia, existem alguns critérios para que algo seja considerado um organismo vivo — como ter capacidade de se alimentar e de se reproduzir sozinho, por exemplo —, e os vírus não cumprem com esses requisitos. Sendo assim, o ebola, embora seja capaz de se reproduzir de maneira agressiva no corpo do hospedeiro, precisa invadir suas células para fazer isso e sobreviver.
Além disso, outro critério que define um organismo vivo é a capacidade de metabolizar sua própria energia, algo que o ebola também não consegue fazer por si só. Tudo isso o torna uma espécie de zumbi, um agente que não está nem vivo nem morto, mas que conta com um genoma, uma incrível habilidade de replicação e péssimas intenções.
2 – Operação militar
Os cientistas estão descobrindo novas características sobre como o ebola se comporta após “invadir” o organismo do hospedeiro, e uma analogia interessante é imaginar o curso da infecção como uma operação militar. Um dos principais fatores de sua eficácia está na forma — furtiva — como o vírus mobiliza o sistema imunológico da vítima, como se tratasse de uma força aérea que neutraliza a defesa antiaérea do oponente antes de iniciar o bombardeio.
Segundo explicaram, o ebola interfere na ação do interferon, uma proteína produzida pelo sistema imunológico como resposta à infecção por patógenos como bactérias e vírus. O interferon age sobre receptores presentes na superfície das células infectadas, comandando diferentes vias de sinalização que ativam diversas proteínas antivirais que impedem que os patógenos se repliquem.
Em outras palavras, o ebola obstrui a atividade da substância responsável por “avisar” às células que é necessário defender o organismo. E, sem essa comunicação, as coitadas não conseguem se defender ou pedir ajuda. Então, o ebola invade as células e as usa para produzir mais vírus que, por sua vez, invadem outras células e continuam o ataque. Depois disso, na próxima etapa, o hospedeiro começa a sofrer hemorragias.
3 – Ninguém sabe ao certo como ele começou a infectar humanos
Os seres humanos não são os hospedeiros naturais do ebola, mas sim — conforme acreditam os epidemiologistas — os morcegos-da-fruta, que podem transmitir o vírus a outros mamíferos, como primatas, pequenos roedores e até outros morcegos. Ninguém sabe ao certo como é que pessoas se tornaram infectadas pelo ebola, e uma das hipóteses mais aceitas é a de que macacos tenham sido a “ponte”.
É bastante comum que a carne de primatas — assim como a dos próprios morcegos — seja consumida na África, e tudo indica que caçadores tenham se infectado pelo ebola depois de caçar animais portadores da doença, transmitindo o vírus para familiares e outros doentes em hospitais pouco preparados.
4 – Esta não é a primeira vez que ele aparece fora da África
Existem cinco espécies conhecidas do ebola — Sudão, Taï Floresta (na Costa do Marfim), Bundibugyo, Zaire e Reston — e, como você deve ter percebido, todas foram nomeadas de acordo com as localidades nas quais foram identificadas. Pois a variedade “Reston” se chama assim graças a uma cidade de mesmo nome localizada na Virginia, nos EUA.
O Reston ebolavirus foi descoberto em macacos oriundos das Filipinas que foram importados por um laboratório dos EUA em 1989. Esse incidente foi seguido por outros dois casos — um no Texas e o outro na Filadélfia —, mas, por sorte, nenhum ser humano foi contaminado na época, diferente das transmissões que estão ocorrendo fora da África desta vez.
5 – É preciso trabalhar como um CSI para deter a epidemia
Todo mundo sabe que ainda não existe um tratamento ou medicamento específico para tratar os doentes — apenas drogas e terapias experimentais. Para deter uma epidemia, os profissionais de saúde devem trabalhar como verdadeiros detetives para rastrear todas as pessoas que entraram em contato com os doentes. E isso pode resultar em uma verdadeira caçada.
Assim, depois de isolar e conversar com a vítima, o próximo passo consiste em encontrar todas as pessoas que tenham tido contato com esse indivíduo e colocar todo mundo em isolamento por 21 dias. Após esse período, quem não exibir qualquer sintoma é liberado. Contudo, se alguém tiver o diagnóstico confirmado, então a caçada se repete e, se os profissionais de saúde não encontrarem todos os infectados, a epidemia continua.
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