terça-feira, 14 de outubro de 2014

Conheça a artista tetracromata capaz de ver 100 vezes mais cores que você

 Já falamos aqui no O impossivel ocorre aqui sobre pessoas tetracromatas, ou seja, indivíduos que nasceram com quatro cones – células presentes nos olhos capazes de reconhecer cores – em vez de três, como a maioria das pessoas. Essa condição é o resultado de uma mutação genética única e permite que os tetracromatas consigam identificar muito mais cores do que nós. Então, imagine se existisse um artista com essa peculiaridade!
E não é que existe? De acordo com site Popular Science, trata-se da artista Concetta Antico, uma australiana capaz de distinguir 100 vezes mais cores do que a maioria de nós. Segundo a publicação, quando ela olha para uma folha, por exemplo, ela não enxerga apenas verde, mas sim tons de laranja, roxo ou vermelho próximo às extremidades. E onde nós vemos verde escuro, Concetta visualiza cores como violeta, turquesa e azul. Um verdadeiro mosaico colorido.
Concetta Antico
O fato de Concetta ter nascido com mais cones significa que, em vez de diferenciar cerca de 1 milhão de cores, como os tricromatas, seus olhos são capazes de identificar um número estimado em 100 milhões de cores, assim como nuances e dimensões que nós não conseguimos perceber.

XX e XY

Segundo o Popular Science, durante anos os cientistas especularam se a tetracromacia realmente existia. Além disso, se essa condição fosse confirmada, ela poderia ocorrer apenas em mulheres, devido aos genes responsáveis pela visão das cores. Isso porque as pessoas com visão das cores normal contam com três cones “calibrados” para identificar comprimentos de onda das cores azul, vermelho e verde, e esses cones estão associados ao cromossomo X.
Como você sabe, as mulheres contam com dois desses cromossomos, enquanto os homens têm apenas um (eles são XY, lembra?), e mutações no cromossomo X podem afetar a capacidade de uma pessoa detectar mais ou menos cores.
É por essa razão que é mais comum que homens nasçam com daltonismo — condição que ocorre em dicromatas, ou seja, indivíduos com apenas dois tipos de cones. E também seria por isso que a tetracromacia somente pode ocorrer em mulheres, já que só elas podem receber dois cromossomos X afetados pelas mutações responsáveis pela presença de quatro tipos de cones em vez de três.

Peculiaridades

Outra curiosidade sobre os tetracromatas é que, embora eles contem com mais células receptoras de cores, seu cérebro funciona da mesma forma do que o dos tricromatas. Os especialistas acreditam que apenas 1% da população nasce tetracromata, e demonstrar essa condição não é tão simples assim, já que a diferença entre quem enxerga mais cores e alguém com visão normal não é tão dramática como a que existe entre tricomatas e daltônicos.
Isso se dá porque as diferenças na percepção das cores são pequenas — e porque os testes disponíveis atualmente estão focados na detecção de apenas três pigmentos, ou seja, azul, verde e vermelho. Sendo assim, enquanto um exame de DNA pode acusar a presença da tetracromacia, entender o que o tetracromata vê é algo bem mais subjetivo. Afinal, cada indivíduo tem uma percepção única sobre o mundo que o rodeia.
Por se tratar de uma condição tão rara, os especialistas estão em busca de mais tetracromatas para, quem sabe, compreender melhor como o cérebro dessas pessoas processa os estímulos que são capturados pelos cones extras. Porém, apesar de provavelmente existirem muitos desses indivíduos pelo mundo, os cientistas suspeitam que a maioria não tenha uma percepção extraordinária das cores simplesmente por não ter treinado seu cérebro para isso.

Artista com visão mega colorida

Depois que a condição de Concetta foi identificada, os cientistas descobriram que os cones extra que ela possui absorvem comprimentos de onda no espectro do amarelo, avermelhado e laranja. Além disso, assim como ocorre com habilidades adquiridas, o treinamento constante pode levar à perfeição e, no caso de Concetta, o cérebro da artista parece ter se adaptado de forma a tirar proveito da tetracromacia.
A artista contou que desde pequena já mostrava sinais de que era diferente e se sentia fascinada pelas cores. Concetta começou a pintar aos 7 anos de idade e há 20 anos é professora de arte. Curiosamente, a filha da artista é daltônica, e Concetta acredita que quanto mais os cientistas conseguirem aprender sobre a tetracromacia, mais chances eles terão de poder ajudar pessoas que nasceram dicromatas ou com outros problemas de visão.
Como professora, a própria artista vem buscando formas de ajudar os alunos daltônicos: ela percebeu que essas pessoas têm uma enorme apreciação pelas cores e especula que suas deficiências visuais talvez possam ser parcialmente supridas se seus cérebros forem treinados desde cedo. Além disso, Concetta também deseja abrir uma escola de arte apenas para daltônicos e criar uma plataforma online que permita descobrir se existem mais tetracromatas por aí.

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